quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Quase um "Quase Natal"


Mais um natal. E foi por pouco, por muito pouco, que não parei alguns minutos para refletir e, como nos anos anteriores, escrever meu "texto de natal". Poderia dizer que é a minha nova vida de mãe. Depois de 6 meses de licença, no início de novembro voltei com tudo ao meu trabalho na UFMG. E, desde então, a vida tem sido ainda mais corrida. Mas não. A loucura da "nova Carol" não é a culpada da minha demora (e quase desistência) em escrever. Explico.

Como sempre, comecei a pensar no natal cedo. Tirei do armário todas as caixas que guardavam os meus queridíssimos "souvenirs" natalinos! Logo que comecei a colocá-los nos seus devidos lugares, faltaram pregos, ganchinhos, etc. E eu deixei pra depois. Quase todo dia, olhava pra casa e pras coisinhas de natal todas desorganizadas; o coração doía, a cabeça dizia "preciso terminar" e mais um dia ia embora. Teve até um dia em que minha irmã que mora em São Paulo me ligou. Recém-casada (4 meses, se não me engano) e cheia de "novidade de vida", me contou toda animada que tinha conseguido comprar seus primeiros enfeites de "casa de casal", repleta de idéias originais e coisinhas bacanas pro seu primeiro natal casada. Contou também da "ordem do mês": quem entrasse no carro, só poderia ouvir o disco com as "melhores de natal" que meu cunhado, Osmar, tinha feito (amo canções natalinas!). E lá no fundinho do coração, senti um aperto e uma "santa inveja", uma vontade enorme de estar vivendo aquele clima de dezembro que sempre curti e que, por algum motivo, não vivia nesse ano.

Eram 18h da última segunda-feira, dia 12, e percebi que faltavam apenas duas semanas pro natal. Minha árvore mal tinha sido enfeitada. Tudo continuava fora de lugar. E foi aí, nesse momento, que entendi que a desorganização era muito maior que eu pensava. A casa "quase natalina" era só um reflexo do que se passava dentro de mim. Me percebi fria, me acostumando com o que não se pode acostumar. E que bom que chegou o natal! Porque ele sempre me lembra de fazer o que passa desapercerbido ou o que adio o ano todo: fazer cartões bonitos, estar verdadeiramente com quem amo, curtir pessoas que não vejo há tempo, escrever para queridos, ter encontros com pessoas com as quais esbarrei o ano todo e mal parava pra saber mais que um "bom dia".

Tá, eu sei. O Natal acabou se tornando comercial, blá, blá, blá. Mas não dá pra negar que o natal sempre sinaliza algum lembrete e nos confronta com nossos sentimentos e prioridades. Porque, no natal, a gente precisa estar em família. Porque, no natal, a gente acaba sendo obrigado a comprar presentes pra quem nem damos tanta atenção e a participar de confraternizações, amigos-ocultos, festas, encontros, encontros, encontros. E é assim que Deus vai lapidando nosso jeito de viver e vai nos reorganizando pro novo ano. O encontro, seja com o outro ou com a gente mesmo, tem sempre um lado difícil. Mas é primordial para o nosso crescimento e, acreditem, para a nossa real alegria.

É por isso que quero te desafiar a fazer diferente e descobrir, no natal, todas as possibilidades de encontro que ele tem te dado. Vale a pena abrir mão daquele silêncio que dura há anos entre você e aquele parente. Vale a pena gastar um tempinho pra conhecer seu vizinho ou colega de trabalho. Vale a pena fazer aquela sobremesa de família pra ceia e sentar-se com todos à mesa (pra lembrar do gostinho bom de estar com quem ama). Vale a pena separar um tempinho só pra saber mais desse tal Deus-Menino, Jesus. Vale a pena enfeitar a sala, a cozinha, a varanda, o coração, mesmo que já seja quase dia 25. No fim, a gente vai descobrir que esses encontros só trazem alegria pro viver!

Agradeço a Deus por esse marco, o natal. Marco maior do encontro mais bonito de todos: Deus se fez homem pra poder se encontrar de novo comigo (mesmo que nas minhas imperfeições e friezas) e pra que eu me reencontrasse (na bagunça do meu coração).

Meu natal? Ah, pessoal! Eu desisti de desistir e já me mobilizei. Naquela segunda-feira, mesmo que tarde da noite, eu arrumei a casa toda, coloquei cada enfeite em seu lugar (agora só faltam as luzes da varanda - ainda não comprei os preguinhos, acreditam? - e costurar a botinha da Marcela, que eu mesma bordei) e optei por contar cada dia, aproveitando todos os seus detalhes. Os banhos na Marcela têm sido mais divertidos, mesmo que mais demorados. Canto músicas de natal pra ela todos os dias. Tento sorrir no trabalho quando as coisas parecem dar errado. Ontem mesmo já deixei escritos quase todos os cartões. E eu acendo as luzes da árvore todas as noites, mesmo que o Juninho não esteja em casa e a Marcela dormindo; mesmo que seja só pra mim.

Porque, como já dizem muitos, a verdade é que sempre é hora de (re)começar... e, como aprendi, de (re)encontrar.

Felizes encontros pra um Feliz Natal!

Carol Gualberto
Dez/2011