No natal passado, foi por pouco. Nesse ano, pensei
que seria diferente. Quase perdi o último natal; não deixaria esse passar em
branco. No início de dezembro, minha casa já estava quase toda pronta;
enfeitada, iluminada, com vários novos souvenires
natalinos. Na árvore, lacinhos que eu mesma fiz e dois calendários pra que cada
dia até o 25 ficasse bem marcado e
bem vivido. Ajudei a organizar um pequeno musical de natal com amigos da minha
comunidade e, pra completar, fiz uma viagem com toda a família pro Natal Luz, em Gramado/RS. E, com tudo
isso, tinha certeza que eu estaria plenamente coberta do clima natalino e que
esse texto chegaria cedo e seria escrito com facilidade.
Qual não foi minha surpresa quando recebi um
email da minha amiga Fernanda dizendo que estava à espera do meu texto de fim
de ano! Já estamos a poucos dias do natal e eu ainda não consigo colocar em
palavras todos os sentimentos que tenho tido. Percebo, enquanto escrevo, que
todo o clima natalino, com seus enfeites e luzes, é lindo e deve continuar
existindo, mas não é suficiente pra que o natal aconteça dentro do mim.
Tento me lembrar do início dessa festa. Tudo
começou há 2012 anos quando um homem dividiu a história. Vivemos no tempo DC (depois de Cristo) e antes disso não
existia natal. Porque natal não existe sem Cristo. Natal não acontece se as Boas
Novas desse homem não encontram lugar na nossa alma. Se existem a guirlanda, os
presentes, as luzes, a ceia, mas não há Jesus Cristo, celebramos qualquer outra
coisa, mas não o natal.
Fico pensando, então, no que posso fazer pra que
o natal, de fato, aconteça. E entendo que basta olhar pra vida de Cristo. Se Ele
nasceu envolto em humildade e pobreza, que minha arrogância desapareça e que os
presentes sejam comprados e recebidos com simplicidade. Se Seu reinado começou sendo
Ele ainda um bebê, que eu aprenda a singeleza e beleza da minha filha e das
crianças com as quais convivo. Se Ele nasceu, cresceu e morreu entre pessoas
pobres, doentes e sofridas, que eu consiga me despir dos preconceitos e do meu
conforto e abrace Seus pequeninos irmãos. Se Ele não tinha sequer um
travesseiro, que eu me desfaça dos meus apegos e aprenda a generosidade e a
prontidão. Se Cristo veio ao mundo por amor, que eu aprenda a perdoar e a amar com
o amor justo, puro, paciente, que não busca seus próprios interesses, que tudo
suporta e tudo crê. Preciso dessa esperança que Cristo me revela. Nesse natal,
preciso unicamente amá-Lo, profunda, verdadeira e desinteressadamente.
Desapegada de mim, sem confiar na minha alegria, nas minhas forças, mas por inteiro
entregue a esse Cristo; “minha vida quieta em Tuas mãos...”, como costumo
cantar.
Talvez, dessa vez, esse momento tenha sido
muito mais pra mim. O tal texto de fim de ano não chega com cara de mensagem.
Apesar disso, espero sinceramente, que a reflexão pessoal se transforme em
recado pro seu coração. E que o Cristo que estou buscando hoje encontre casa
dentro de você. Ainda que lá dentro esteja como uma estrebaria e que nada pareça
adequado pra receber tamanho nascimento, insisto em abrir as portas, deixar que
Ele nasça em mim pra renascer com Ele.
Eu quero viver o natal. Eu quero um natal de
verdade. E você?
Feliz Natal. Feliz Nascimento!
Carol Gualberto
Dez/2012